terça-feira, 26 de janeiro de 2010

No interior

Nas últimas semanas estive presente no distrito de Três Irmãos em Novo Oriente no Ceará. Distrito este em que olhei para o mundo pela primeira vez. Percebe-se nitidamente lá que os antigos hábitos estão sendo consumidos pelo avanço tecnológico (globalização) e que o individualismo vem tomando o lugar do velho costume de se reunirem à noite com os vizinhos que passam a preferir o capítulo da novela sozinho em suas casas. Muitos ainda (geralmente homens) se reúnem em bares a noite em busca de entretenimento. Entretenimento este que é alcançado por eles através de ingestão de bebidas alcoólicas, cigarro e de discurso de filosofias de vida. E foi neste ponto que mais me focalizei nesses dias. Ao passar algumas noites observando os discursos percebi que apesar de a grande maioria daqueles homens serem analfabetos eles possuem um grande poder de observação e reflexão em conjunto. As “reuniões” são tidas como encontros para apresentar sua filosofia de vida e discutir as opiniões dos outros de modo a enriquecerem seu conhecimento sobre a vida. Servindo até como desabafo e autoajuda. Nas noites em que estive em um barzinho, os assuntos mais discutidos entre eles eram: desigualdade social, o papel do trabalho no mundo, velhos e novos tempos (comparações), economia local (circulação do dinheiro) e até questões de grande repercussão mundial como o recente terremoto no Haiti e o papel dos Estados Unidos no mundo.

Porém alguns conceitos arcaicos ainda estão enraizados na cultura daquele povo. Durante minhas observações, percebi através de expressões como “além de ser negro é pobre” e “não vou deixar um sexo inferior mandar em mim” que o racismo com relação aos negros ainda encontra-se vivo e que o machismo se torna evidenciável.

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