terça-feira, 26 de janeiro de 2010

No interior

Nas últimas semanas estive presente no distrito de Três Irmãos em Novo Oriente no Ceará. Distrito este em que olhei para o mundo pela primeira vez. Percebe-se nitidamente lá que os antigos hábitos estão sendo consumidos pelo avanço tecnológico (globalização) e que o individualismo vem tomando o lugar do velho costume de se reunirem à noite com os vizinhos que passam a preferir o capítulo da novela sozinho em suas casas. Muitos ainda (geralmente homens) se reúnem em bares a noite em busca de entretenimento. Entretenimento este que é alcançado por eles através de ingestão de bebidas alcoólicas, cigarro e de discurso de filosofias de vida. E foi neste ponto que mais me focalizei nesses dias. Ao passar algumas noites observando os discursos percebi que apesar de a grande maioria daqueles homens serem analfabetos eles possuem um grande poder de observação e reflexão em conjunto. As “reuniões” são tidas como encontros para apresentar sua filosofia de vida e discutir as opiniões dos outros de modo a enriquecerem seu conhecimento sobre a vida. Servindo até como desabafo e autoajuda. Nas noites em que estive em um barzinho, os assuntos mais discutidos entre eles eram: desigualdade social, o papel do trabalho no mundo, velhos e novos tempos (comparações), economia local (circulação do dinheiro) e até questões de grande repercussão mundial como o recente terremoto no Haiti e o papel dos Estados Unidos no mundo.

Porém alguns conceitos arcaicos ainda estão enraizados na cultura daquele povo. Durante minhas observações, percebi através de expressões como “além de ser negro é pobre” e “não vou deixar um sexo inferior mandar em mim” que o racismo com relação aos negros ainda encontra-se vivo e que o machismo se torna evidenciável.

domingo, 10 de janeiro de 2010

Familiar Especial


Venho aqui para ressaltar um membro especial em minha família. Antonio Adão de Araújo, meu tio. Homem que apesar de conviver há mais de 38 anos com uma deficiência física não se prende aos limites impostos pela sociedade e encara-os de frente com o seu pensar diário e com seu bom humor.

Com suas próprias palavras:

Minha vida

Minha vida é muito boa

Deficiente físico, tetraplégico, torto

Vivo numa cadeira tropa

E no vazio oco, o pensamento voa

Por isso vivo numa boa

Minha vida não é á toa

Porque minha cabeça é boa

Autor: Antonio Adão de Araújo, em 15/01/2004

"Amigo viva com bom humor, pregue a paz e tenha respeito ao outro."(Antonio Adão de Araújo)