segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Folha da UVA X DCE

Depois de serem chamados de vândalos e de pichadores pelo editorial da Folha da UVA de 12 de novembro de 2009, o Diretório Central dos Estudantes (DCE) da UEVA se manifesta com a seguinte resposta:

Comunicando o quê?
Resp: O que eles não comunicam.

Uma das ações que buscam melhorar a comunicação institucional em nossa Universidade. Pode ser observada, diariamente, pelos que aqui estudam, trabalham ou visitam os campi da Betânia, junco, Derby e CIDAO. O Diretório Central dos Estudantes, denuncia os vários atos ocorridos e que irão ocorrer em nossa Universidade, por meio de várias ações, sendo um exemplo disso, a escolha do novo Reitor que se dará nas férias, e que não existe divulgação alguma sobre tal processo de escolha, através dos meios de comunicação que dispomos em nossa Universidade, então, respeitando ao princípio de comunicação pública de que a informação é um direito de todos, resolvemos informar a comunidade acadêmica da UEVA, que a mesma não irá participar do processo de escolha do(a) Reitor(a) e Vice-Reitor(a), dos próximos quatro anos.
Para facilitar a divulgação confeccionamos vários materiais de divulgação (adesivos,faixas,cartazes entre outros) sobre o descaso que ocorrerá conosco, com avisos diversos, porém onde e como utilizar não podemos controlar, já que nossa Coordenação de Comunicação e Marketing Institucional, faz parte, cerca de quase 7500 estudantes espalhados por vários campi, assim como professores e funcionários. Dessa forma sabemos sim, como utilizar os novos murais que são veículos de comunicação, ou mídia alternativa, como esta em voga dizer, para ordenar as ações de comunicação do Diretório Central dos Estudantes destinadas a todos.
Sabemos e entendemos muito a cultura de comunicar bem ou saber comunicar de forma que a mensagem consiga chegar, ou mesmo percebida, pelo público, assim tudo concorre para o bom andamento das ações destinadas ao público que representamos, a comunidade estudantil, dessa forma o DCE jamais negará ou omitirá informações, pois o corpo representativo dos estudantes, no DCE, se faz de verdadeiros representantes, e não de farsantes, porque o nosso papel é questionar, fazendo a comunidade acadêmica pensar, e ver que a melhor maneira de nós conseguirmos nossos objetivos é através da democracia em nossa Universidade, onde apresentaremos propostas das mais variadas possíveis, participando de forma ativa da nossa graduação, isso faz parte da história, as mudanças só ocorrem quando a sociedade civil se mobiliza, então, nosso papel é mobilizar os estudantes.
Continuaremos informando aos estudantes, promovendo a cultura do verdadeiro esclarecimento, já que os meios de comunicação de nossa UEVA não o fazem, fato claro deixado pelo “Editorial Folha da UVA” que não trás os reais problemas do nosso cotidiano universitário, sendo dessa forma ante-democrático. Lamentavelmente, um mal exemplo de vandalismo e desrespeito ao nosso principal patrimônio, que é a educação, em todos os seus níveis parte dos nossos governantes e administradores públicos. O que se observa nos últimos séculos é o lamentável descaso com relação a educação. Infelizmente da forma como estar, não temos condições de continuar, basta observarmos como exemplo claro, o curso de engenharia civil de nossa Universidade, com apenas três professores efetivos (não vamos continuar com os casos, a lista é muito longa e o texto vai ficar cansativo, seguiremos com o nosso real objetivo). Assim, repudiamos a posição do “Editorial Folha da UVA”, pois não entendemos, como um setor de nossa Universidade, tenta fazer, com que os estudantes se voltem contra a própria entidade que os representa, a conclusão que tiramos é que o editor-chefe de tal jornal, desrespeita toda a comunidade acadêmica com várias palavras chulas e esquece o real motivo das mobilizações denominadas de “DIRETAS JÀ NA UEVA”, não abordando, na edição de 12 de novembro de 2009 o conteúdo dos materiais questionados(Será que estão querendo nos confundir?).
Entendenmos que muito foi feito em nossa Universidade, para melhorar as condições de ensino, mas não devemos ficar acomodados, infra-estrutura passa (fachadas e praças), porém a qualidade fica, e o que querem comunicar os representantes estudantis, eleitos por seus colegas é o desrespeito cometido com o nosso bem primordial, a educação. Educação essa, que poderia ser de forma clara, reflexiva, democrática, envolvente, que nos despertasse todos dias para um mundo novo e desconhecido, que nos fizesse refletir com cabeça própria, e agirmos diante de várias situações, todavia esse tipo de educação é excluída, vemos isso na posição do “Editorial Folha da UVA” que não observa a incoerência do texto editado, expondo uma mensagem nada subliminar, para todos, e a de um vácuo na administração pública como um todo, tanto dentro, como fora da nossa UEVA, expondo sua fragilidade, quando poderia ser algo construtivo para a sociedade brasileira e principalmente cearense.
Após análises e reflexões concluímos : “Quem diz que devemos ter educação pública, gratuita, democrática e de qualidade não somos nós do DCE, é a constituição brasileira, só queremos garantir a validade das legislação, cobrando por nossos direitos e exercendo nossos deveres, ou será errado querer sair da universidade com uma boa formação? Errado é cortar várias árvores, como está acontecendo na Betânia, um verdadeiro desrespeito a um patrimônio que implica na nossa vida, por isso “DIRETAS JÁ NA UEVA”.
p.s: para maiores esclarecimentos sobre o caso veja o editorial da Folha da UVA de 12 de novembro de 2009.

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Nosso Sistema Prisional

Apresento aqui uma entrevista que realizei com um agente penitenciário objetivando conhecer sua relação com os presos e o sistema interno de segurança.

1 - De maneira geral, como se dá sua relação com os detentos?

Primeiramente gostaria de pedir desculpa por não poder me identificar por problemas de segurança e também por que alguns fatos que vou revelar não podem ser gravados, pois são fatos reais que acontecem dentro das muralhas dos presídios e oficialmente não existem. Vou me identificar como “Professor”. Na realidade existem dois tipos de relacionamento com os presos. No meu caso integro ao grupo dos agentes penitenciários que em primeiro lugar não tomo partido de nenhuma facção ou grupo que existe no presídio ou nas cadeias públicas, respeito o preso e sua dignidade humana. O outro grupo é totalmente o contrário, são as múmias como tratamos o pessoal mais antigos que batem nos presos, humilham quando possível, fazem agressões físicas e morais acarretando uma relação de medo e de desejo de vingança. No meu caso nunca tive problema sério com qualquer detento, pois parto do princípio que seus direitos devem ser respeitados e para que possa sobreviver dentro do presídio ou da cadeia é necessário você criar um pacto de respeito. Não sou daqueles que batem quando do baculejo, ou procuro expor a família do preso a constrangimento e nem sou da ala que se corrompe para dar a alguns grupos, ou melhor, algumas pessoas privilégio dentro do presídio. Vejo é claro tudo isso, mas finjo que não vejo para que eu possa permanecer dentro do grupo sem me preocupar com minha segurança pessoal, pois as condições de trabalho são mínimas e temos que procurar meios para sobreviver lá dentro. Procuro tratar todos os presos na mesma condição, mas deixando bem claro a minha posição e a posição deles através do diálogo e da conversa e quando não dá através da forma de intimidação e da sanção penal que está ao meu alcance.

2 - O Sr. já sofreu agressão de presos?

Não, até agora nunca sofri agressão físicas ou intimidação, apenas quando temos que dominar algum preso por abstinência de droga ou por se encontrar drogado tivemos alguns contratempos e tive problemas para dominar, mas alguns colegas já sofreram agressões físicas e até mesmo tentativa de morte por parte dos presos, dentro e fora do trabalho, mas acredito que são aqueles que tentam se impor pela força pela truculência e acabam arrumando inimigos. Claro que não estou imune a agressão e nunca passei por uma rebelião, mas confio em Deus e vou levando o trabalho. Só me lembro de uma vez quando estava trabalhando no manicômio que um dos detentos tentou me agredir com uma barra de ferro, digo um cossoco, mas acabei convencendo o mesmo a entregar a arma e recolhi para o isolamento sem precisar a PM intervir.

3- Como se dá a relação entre os presos?

A relação se dá na maioria das vezes de afastamento sem muita intimidade com o preso até mesmo para minha segurança. Procuro evitar envolver com os problemas familiares deles, tratando de forma unitária e desvinculando a minha imagem da imagem de amigo de polícia, pois quem é muito amigo de polícia fica muito visado dentro do presídio ou da cadeia que são dois ambientes totalmente diferentes, pois na cadeia você tem uma aproximação maior com o preso, a convivência é mais próxima e procuro evitar esta proximidade para evitar problemas com outros presos e não ser acusado de amigo de grupo ou facção. Tenho a vantagem de já ter trabalhado com os presos antes de trabalhar como agente penitenciário o que me facilita um pouco no aspecto de relacionamento com eles. Para se ter um bom relacionamento é preciso fazer amizade como o chefe da cela, o preso mais antigo que é quem dita as ordens dentro da cela e todos obedecem caso contrário é expulso da cela ou vira presunto.

4- Qual a maior dificuldade encontrada pelos agentes penitenciários em garantir a segurança interna?

A maior dificuldade encontrada pelos agentes para garantir a segurança interna são os diversos grupos ou facção que se forma dentro do presídio e das cadeias, são os estupradores que não são aceitos pelos detentos e devem viver isolados dos demais presos, a luta pelo poder dentro do presídio e a luta pela liderança dentro do presídio, bem como o tráfico de drogas que existe lá dentro. A falta de estrutura das cadeias e presídios favorece a balburdia lá dentro e a falta de equipamentos para proteção do agente penitenciário que praticamente trabalha de mãos limpas só com a cara e a coragem.

5 – E quanto às medidas disciplinas, qual a eficácia a cada tipo de preso?

A principal medida é o isolamento e a proibição de visitas, a falta de notícias dos familiares ou mesmo o único contato com o mundo lá fora que o preso viveu é a medida mais eficaz, todos de um modo geral teme ficar proibido de visitas e o castigo, no caso do estuprador a ameaça de descer ou ir para uma cela comum torna-o um cordeiro, os outros a visita é uma oportunidade de conseguir algo para barganhar dentro do presídio ou trocar por algum privilegio ou mesmo para se manter vivo lá dentro são poucos aqueles que abdicam deste direito e os outros presos da cela ou do presídio fazem questão de manter a ordem e pune quem prejudica ou faz com que eles fiquem proibidos de receber visitas.

6- Tem mais alguma coisa que o Sr. Queria acrescentar, quanto à relação entre os presos e os agentes?

Na verdade não, apenas quero deixar bem claro que pelos problemas que vemos aqui dentro não há um programa de reabilitação do preso, falta boa vontade por parte das autoridades publicas para que os programas de reabilitação seja válido como o trabalho e a profissionalização do preso, hoje o que ocorre é a especialização do preso no crime. O preso não rende votos e nem dá ibope, por isso são poucas as verbas e a discriminação da sociedade que começa pelo PM e passa pelos agentes prisionais também é grande, para a grande maioria o preso não tem recuperação e tem que pagar sua divida com a sociedade da pior maneira possível sofrendo, apanhado tratado como cachorro e não como um ser humano. A grande maioria que entra nos presídios ou que convive com o preso é contra a qualquer tentativa de melhora para eles ou de algo que venha a dar maior dignidade humana a eles, o preso para eles é o lixo da sociedade, as vezes acabo me associando a idéia e tenho que me policiar para não acabar caindo nesta triste realidade e norma que impera atrás das muralhas das cadeias e dos presídios. É necessário pensar em políticas de resocialização do preso, pois algum dia eles deverão retornar para a sociedade e este retorno se dará de que maneira?


Data da entrevista: 07/11/2009